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segunda-feira, 19 de maio de 2008

CANTIGAS DE AMIGA

Rimance 1

Três voltas dei à tua saia nova
Três voltas dei e não me dão volta

Senhora florida, do meu coração
Teu seio me afunda em tanta aflição

Sonhei-te envolta em flores de alvura
Sonhei-te a ternura...

Quis ter-te por dentro de mim consagrada
Foste a minha amada...

Rimance 2

Três voltas tem a tua saia nova
Três donos já teve e não me faz moça

Floriste-a de novo, todinha para mim
Coseste-a com flores... te dei o cetim

A uma prenda bela nunca se diz não
Que ao coração da noiva florida
não vem o carmim, mas sim o despejo
Da fruta colhida...


Rimance 3
As nozes do cesto que me ofertaram
Já todas grelaram...

Bem as quis florir ali no jardim
Mas foram-se assim
que os grelos chegaram...
Lá se me ocultaram as nozes de mim !


Rimance 4

Quiseste comer a fruta mais doce
Morangos te dei...
Beijinhos de outrora que um dia me deste
Porque tos não dei?
Se um dia as amoras do teu silveiral
forem todas doces...
com uma compota te acolherei.


Rimance 5

Meninas solteiras se sonham despidas
À volta das avelaneiras floridas

Despidas das mães que às romarias
as levam velidas

Sonhadas pelo ventre que a alegria acolhe
a brisa as recolhe

Lavadas de novo nas camisas alvas
as espreita a alba
e a harmonia.

Rimance 6

Seu sirgo torcendo, em voz de harmonia
voava a amiga...

- Pardeus, meu amigo, que sonho antigo
te voou de mim?

E uma voz de espanto lhe segreda então:

- Avuitor comestes, que as asas de mim
Para ti não são...


Rimance 7

Estando eu contigo e tu não comigo
olhei para ti nas ondas do olvido...
Amigo traidor serias então
ou era a angústia do meu coração?

E as ondas bramindo em São Simeão
ficaram dormentes, disseram que não
que a verdade alheia que às ondas regressa
não regressa nunca para o coração...

Foi-se embora o mar. Ficou o olvido
e as ondas bramindo em São Simeão
são sonhos de aflitos, que em terra firme
estreitaram a amiga do seu coração.

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