Pesquisar neste blogue

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Bullying (assédio) moral / Dia das Bruxas



Diz o roto ao nu...

Se um dia o simpático dromedário decide ser "marreco", imagine-se o que acontece ao outro (e lá fica em risco de extinção!...) ...

Como hoje é "Dia das Bruxas", lá falei de uma bruxaria... A ver se é só hoje...

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

O "Olhómetro"



A educação aprende-se em casa (a escola e o país aprofundam essa aprendizagem). Aprender, sempre.

Quando era miúda, ensinaram-me que se não lê o correio de ninguém, que se tem direito a um "diário com chave" e até a uma "caixinha com chave" para arrumar o que era da minha inteira privacidade. Cresci assim e continuo firmemente fiel a estes princípios básicos. É educação e é civismo, o que vem a dar no mesmo. Isto de ler os e-mails dos outros ou de controlar o telemóvel dos outros, etc., etc., só o entendo nos casos que a lei enuncia (veja-se, a propósito, o artigo do juiz Rui Rangel em http://www.correiomanha.pt/noticia.aspx?contentid=87EC397A-42D6-4C0D-85B0-D2CFA724468A&channelid=00000093-0000-0000-0000-000000000093 )

Veio tudo isto a propósito da ordem de "rastreio" dada pela Inspecção-Geral das Finanças aos e-mails dos seus funcionários... Acho um abuso que os mesmos não tenham sido avisados (a não ser que estejam impedidos de usar o computador do trabalho para enviar e-mails pessoais...) e, além do mais, não acredito que "quem as faz" as "faça" assim. Os "espertos" sempre o são à revelia da "inteligência" e das duas, uma: ou a sociedade pune a "esperteza" até ao limite da dissuasão, ou a premeia, fazendo "vista grossa" aos sinais exteriores de "esperteza". Se decide, à revelia da lei, "vasculhar" da privacidade de cada um, dá um péssimo exemplo de "deseducação" e gravosa "falta de civismo" que, me parece, também entra nas malhas de lei. Se o exemplo não vem "de cima", há-de vir de onde? Que se me perdoe, mas não pude deixar de pensar numa série de "hackerzinhos" informáticos a ocupar lugares cimeiros de decisão, que - já alheados do mais elementar direito à privacidade de cada cidadão - decidem utilizar o seu saber informático para fazer o papel que, antigamente, julgava atribuído à Polícia Judiciária!... Como cidadã, preferia que fosse esta ou outra força semelhante a fazer esse trabalho, em silêncio e recatadamente, e ficar-lhe-ia eternamente agradecida, porque estava a contribuir para a minha saúde e educação cívica. Muito se fala de George Orwell, mas parece que bem pouco se ligou ao seu legado "literário" (não dizem que os "artistas" estão sempre à frente, no tempo? Eu acredito)... Isto de haver um "big brother", que a "low cost" nos trata da saúde com o seu cortejo de "hackers", é...(rai's parta o inglês, mais o que isso já parece significar em termos de identidade nacional)...


Vá lá, pronto!... Fico sempre "chateada" quando falo destas coisas, mas deve ter sido da ventania e das "marés de emoções" em que, hoje em dia, se não damos conta, acabamos todos por mergulhar... E os sentimentos, caraças, e dos sentimentos?!... Estão, esses sim, em silêncio? São lugares-comuns de linguagem panfletária?... Irra, para o que havia de dar o "olhómetro"!... E eu que tanto me ri com esta expressão quando a ouvi pela primeira vez (ainda era o "olhómetro" do artista, que brincava até mais não suster a gargalhada!...)

domingo, 26 de outubro de 2008

Avaliação de Professores


Primeiro, pensei que ouvira mal; depois, achei que "eles nem as pensam!"; mais tarde, achei que "não sabem do que falam" e, claro, achei que alguém iria repor a verdade... Pois bem, talvez alguém o faça, mas não tenho tido a sorte e a saúde de o ler / ouvir... Por isso, de vez em quando, oiço estas vozes interiores "entre aspas" e, quando dou conta, estou irritada. Olha, hoje falo... e pronto!

Os professores nunca foram avaliados?!... Só agora é que vai haver uma "avaliação de desempenho" destes profissionais? Mas afinal, quem lhes conferiu nota académica senão as Universidades?...; nota profissional, senão os seus "pares" delegados à profissionalização e/ou Estabelecimentos de Ensino Superior?; nota nas "acções de formação", senão professores destacados para o efeito? Como eram eles hirarquizados nas escolas? Só pela antiguidade? Então e as avaliações científicas e pedagógicas com que concorriam serviam para quê? Ai, não era só pela antiguidade, não! Este era um dos parâmetros para "avaliar" os professores!... E quem anda por lá, sabe que é assim.

O problema é de fundo e sobre ele muito se fala... O que mais me preocupa, enquanto cidadã, é o desprestígio com que se tem anatemizado toda uma classe profissional, ou seja, o desrespeito pela "Educação", em si mesma. E tanto assim é, que agora se pretende hierarquizar os professores, em concurso, não pela sua classificação académica e pedagógica (científica, portanto), mas pela "avaliação de desempenho"... Tendo em conta o silenciamento crescente a que foi votado o Ensino Secundário (2 horas de redução para utilizar na preparação de aulas deste nível pré-universitário, para quê?!...), imagino como deve andar o Ensino Superior!... Lembro-me bem, que foi por razões idênticas que apareceu o SneSup...

Que se me perdoem os muitos hiatos explicativos, mas não vale a pena entrar em detalhes...
Por esta lógica legislativa, vamos ter médicos avaliados pelo número de doentes que "vêem" e "salvam" e juízes avaliados pelo número de processos que "despacham" e "despenalizam". Dito assim, parece absurdo. Oxalá o seja! Educação, Saúde e Justiça... "Estado Social"?!...

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Presente Homófono


O problema do Diferente

é que o querem Deferente.



Coitado do Diferente,

que só sonha na Diferença

o ser que o sonha...


e quando se dá conta

- na homofonia caótica do "stress" diário que o afoga -

dói-lhe um (d)ente

e vê

que só Ninguém vê o Diferente,

pois Todo o Mundo é Deferente

sempre, sempre a Todo o Mundo...

(e sempre, sempre, em Algures,
que Nenhures não dá dinheiro
e... Ninguém é tão Diferente...
pois...)


E lá se lhe foi o (d)ente!...


(Deve ser por isso que há tanta homenagem Deferente - e póstuma! - ao Diferente!...)

L. A.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Porque gosto de Histórias para a Infância...


Fica para outro dia uma reflexão sobre um tema que tanto me tem acompanhado ao longo da vida: a relação entre Religião e Ciência... Cada um de nós tem as suas experiências e eu não sou excepção. Que a Religião é "analgésica" é um facto, mas que o Amor, a Paz, um Final Feliz também o são, é um facto também. E quem nunca reparou nisso, é porque ainda estava desatento...

http://jornal.publico.clix.pt/default.asp?url=%2Fmain2%2Easp%3Fdt%3D20081020%26page%3D4%26c%3DC

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Capital (ismo) humano ?



Bem tentei, mas aflijo-me quando tenho de falar do "ser humano" em termos de "capital". Embora sorria no dia-a-dia com as metáforas que a nossa saúde mental e física vai exigindo, entristeço por reflectir o presente, no presente (as emoções gostam da rudeza das palavras e só os sentimentos, mais constantes e fortalecidos pelo tempo, nos ajudam a generosidade possível da linguagem).

Tudo começou pela leitura do jornal, de manhã, e acabei por andar todo o dia a distrair a dificuldade que sinto em falar sobre estes assuntos. Em conclusão, fui à net e só aliviei um pouco depois de "postar" a Natália Correia e a sua (nossa, também! Obrigada, Natália...) "Queixa das Almas Jovens Censuradas".

(N. B. A ver se não me esqueço de dar espaços no poema, para separar as estrofes... Agora, é melhor ir jantar!...)


"Por cá, aliás, como diria Manuel Larangeira, um grande intelectual português da transição do século XIX, o pensamento representa já um capital negativo e a inteligência um capital inútil. Pois é...
Eduardo Dâmaso, Director-Adjunto" (do Correio da Manhã, 20 /10/2008; cores nossas)




QUEIXA DAS ALMAS JOVENS CENSURADAS

Dão-nos um lírio e um canivete

E uma alma para ir à escola

E um letreiro que promete

Raízes, hastes e corola.

Dão-nos um mapa imaginário

Que tem a forma duma cidade

Mais um relógio e um calendário

Onde não vem a nossa idade.

Dão-nos a honra de manequim

Para dar corda à nossa ausência.

Dão-nos o prémio de ser assim

Sem pecado e sem inocência.

Dão-nos um barco e um chapéu

Para tirarmos o retrato.

Dão-nos bilhetes para o céu

Levado à cena num teatro.

Penteiam-nos os crânios ermos

Com as cabeleiras dos avós

Para jamais nos parecermos

Connosco quando estamos sós.

Dão-nos um bolo que é a história

Da nossa história sem enredo

E não nos soa na memória

Outra palavra para o medo.
Temos fantasmas tão educados

Que adormecemos no seu ombro

Sonos vazios, despovoados

De personagens do assombro.

Dão-nos a capa do evangelho

E um pacote de tabaco.

Dão-nos um pente e um espelho

Para pentearmos um macaco.

Dão-nos um cravo preso à cabeça

E uma cabeça presa à cintura

Para que o corpo não pareça

A forma da alma que o procura.

Dão-nos um esquife feito de ferro

Com embutidos de diamante

Para organizar já o enterro

Do nosso corpo mais adiante.

Dão-nos um nome e um jornal,

Um avião e um violino.

Mas não nos dão o animal

Que espeta os cornos no destino.

Dão-nos marujos de papelão

Com carimbo no passaporte.

Por isso a nossa dimensão

Não é a vida.

Nem é a morte.
.

Natália Correia In “Dimensão Encontrada”

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Aposentações na Função Pública... a fuga ao "Satanazim" de O' Neill



Conhecem-nos?!...

Sim, claro... Às vezes, é melhor o silêncio de quem sim e deixar falar quem sabe ... e desta vez é Alexandre O'Neill:
(...)
Saber viver é vender a alma ao diabo,
a um diabo humanal, sem qualquer transcendência,
a um diabo que não espreita a alma, mas o furo,
a um satanazim que se dá por contente
de te levar a ti, de escarnecer de mim...
Alexandre O' Neill, "Saber viver é vender a alma ao diabo", No Reino da Dinamarca