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domingo, 15 de novembro de 2009

Face Oculta ou de como Um Lavrador tinha um Cão e a Mãe...

Na minha infância, deram-me como entretenimento e educação um exercício de português que nunca mais esqueci e que muito me tem servido pela vida fora; sem a pontuação correcta, o texto é um absurdo semântico, uma gargalhada feita frase: O lavrador tinha um cão e a mãe do lavrador era também o pai do cão
Tiveram de me dar a solução, que a tanto não chegava o meu entendimento / educação de criança. Mais tarde, aprendi a pontuar: quando percebi que a frase era uma estrutura lógica que reproduzia um pensamento arrumado... Desde aí, percebi que a chamada "gramática" era a "matemática da língua" e fui-me aplicando, treinando e divertindo com a infinidade (e provável infinitude) de sentidos que a nossa língua potencia. Gosto que Fernando Pessoa tenha escrito "A minha pátria é a língua portuguesa", mas gostaria que essa sua característica do Saber lhe conferisse também o Poder de nos dirigir... Por outras palavras, a face oculta deste verso de Pessoa podemos encontrá-la naquele outro de Camões onde, já aborrecido com os seus contemporâneos pela falta de cultura, vociferava que "... quem não sabe arte, não na estima" (e entenda-se "arte", claro, no sentido geral de "cultura")...
Como cidadã, aflige-me que a advertência de Camões não seja levada mais a sério! A menoridade a que a nossa língua aparece esporadicamente remetida, quando oriunda de altas instâncias do poder, faz-nos temer pelo estado da Nação, que corre o risco de mergulhar mais uma vez numa "austera, apagada e vil tristeza"...

E, já agora: o lavrador tinha mesmo 3 cães (o cão de quem se falava, mais a mãe e o pai desse cão)... Afinal, não se pode saber tudo e de tudo, mas há sempre alguém que nos ensina a encontrar a solução ideal ou mesmo correcta...

E agora dois exemplos desta "face oculta" da língua (ou da Nação de Camões e da Pátria de Pessoa?)

"...suspenção e não renuncia porque tal poderia ser entendida com assumpção de culpa."

"Caras e caros colegas
Faz hoje 4 Anos.
Tem dias que parece que o tempo se emaranhou nas coisas e nas pessoas.
Tem outros dias em que tudo parece ter ocorrido ontem.
Contudo há algo que o tempo tem os limites certos:
-Foram quatro anos bons de amizade, de solidariedade e de prazer de poder contar com o vosso profissionalismo e apoio."

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Pós-autárquicas (Romanos, Gauleses e Lusos)

Cada um é como cada qual e eu não sou uma fã dos Romanos: deve correr em mim muito sangue celta, aparentado do Obélix (dói-me ver derrubar "carvalhos", rebolo-me a rir e a brincar com os "Ideiafix"...) e do Astérix (a ver se Panoramix me arranja uma "poção mágica" para combater os Romanos...) e de Viriato e de Sertório !.... A verdade é que, apesar de ser uma fã de Itália, não sou fã de Roma: aquela monumentalidade remanescente de um império de Césares atrofia-me o raciocínio, retira-me a linguagem espontânea e transporta-me a um mundo onde o poder é arrogância, a força é brutalidade, o riso é desnorteado e nervoso e a imaginação é delírio de grandeza a soldo de um extermínio progressivo da diferença. Em consonância com a monumentalidade da Roma antiga, o trânsito caótico de hoje em dia desconhece as cores dos semáforos ou qualquer regra que não seja a do "salve-se quem puder"!... Reafirmo que sou uma fã de Itália (Florença, Veneza, Ravena, sentido estético apurado e inovador que sempre me surpreende e desenha sorrisos), mas daquela veia "imperial" dos Césares temo-me como se devem ter temido todos os povos que os Romanos "romanizaram"... E a verdade é que ainda estou para perceber (ou não quero dar linguagem às minhas suposições) a razão porque, democraticamente, a Itália elege para o Parlamento a Cicciolina ou para o mais alto cargo da Nação o Berlusconi (que faria grande êxito numa ópera bufa ou no teatro burlesco com o nome de Burlesconi)... Encarar a política com "muito riso e pouco siso" dá, às vezes, nestas coisas!... Por cá, encaro com apreensão a "floresta de auto-estradas" que vai criando desertos a perder de vista e a estranha eleição (por democrática e escorada em "floresta de licenciados"), de autarcas a contas com a justiça nacional... Entristece-me e confrange-me ouvir das razões invocadas para estas preferências (ex: "os outros - os bancos, etc. - são ainda piores", como se não estivessem a falar dos mesmos) e do alardeado estado de espírito desta estranha figura de "réus vencedores": sempre estão "tranquilos", à espera que "provem" o de que os acusam (nada como ir para o poder, onde é mais fácil influenciar a legislação)... À conta deste "bem-estar" dos Césares, os Astérixes, Obélixes, Viriatos, Sertórios e outros que tal, vão sendo silenciados porque "intranquilos" e acusados de calúnia, perseguição e cabala (o que nunca se consegue "provar")... O que vai valendo são os "Gato Fedorento", que sempre têm uma linguagem de "verdade humorística" que vai dando voz a todos os que, silenciosos, temem transformar-se em "redutíveis Gauleses" ou "atraiçoados Lusitanos"...

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Pós-europeias


É um afã mediático pós-eleitoral: ganhou a chamada esquerda, mas a direita não se resigna, já que ganhou na "Europa"... O que me vai afligindo é que a leitura que fazem dos resultados, mais do que uma reflexão sobre o que é necessário mudar, implica uma estratégia sobre como não deixar a dita esquerda chegar ao poder. Por mim, tanto voto no que eles chamam direita como na sua esquerda, habituada que estou já a ver estas palavras mais como um simulacro de ideologia para esgrimir ataques pessoais (quase sempre ressabiamentos, temores...) do que um conjunto de valores que têm de ser sistematicamente avaliados na prática para corresponder à dignidade do ser humano na sua relação intrapessoal, interpessoal e universal (entenda-se com o Universo, também no sentido científico). Por isto, o que me atrapalha é que, ao ver o afã com que a chamada "direita" quer abraçar o poder em consonância com outros países europeus, não consigo deixar de vislumbrar um inevitável crescimento futuro dos impostos para pagar os sucessivos "investimentos" que têm servido uma "cultura" do ócio, da competição e da desvalorização social do trabalho... Classe média? Qual? A que trabalha?... Muito perigoso: a futura (já no terreno) classe média pode ser a dos excelentes alunos com excelentes formações, mas completamente subordinados e empobrecidos economica e socialmente frente aos seus colegas de curso, irmãos e amigos que, entretanto, ascenderam a "cargos de chefia"!... Neste cenário, facilmente se concebe esta classe média a trabalhar... para QUEM?
(já agora... não, não falo ainda das nossas escolas... sai ainda mais amargo e estou muito farta de algumas palavras e expressões e com muito receio de quem as diz: "produtividade", "estou tranquilo", "provem...", etc. and so on... pensando bem, daqui a pouco já estou arrependida de escrever isto. Para já, fica!... Não há medo?... principalmente de pensar!...)

domingo, 31 de maio de 2009

Europeias


A uma semana das eleições europeias ainda não me decidi: votar "útil" ou "votar útil"? A verdade é que não me agrada ser gerida, governada, "marionetizada"... pelo mercado de Anja Merkel, pelo cáustico Sarkaustique, pelas bufonarias de Silvano Burlesconi ou pelo cinzento-acastanhado Gordon Brown ("brown" só "sugar"...)... quanto aos outros, nem os conheço bem... Além de que se se trata de Europeias, porque se não discute a Europa, o referendo?... Mas, claro, vou votar!... (nem que fosse em branco ou para anular, ia votar...)
(o texto fica assim mesmo: desengonçado na sintaxe, esperando que depois das eleições já tenha encontrado a sua estrutura correcta... esquecidos estes excessos de comando que acabam por nos enviesar a boa-disposição com que o sol nos saúda cada manhã...)

domingo, 15 de março de 2009

14 / 03: aniversário de Albert Einstein


"Uma pessoa inteligente resolve um problema, um sábio previne-o."

Albert Einstein


Fez ontem 130 anos o "menino" Albert Einstein... É melhor ouvi-lo a ele (através do link do "citador")


e vê-lo (num vídeo retirado do youtube)



... Eu continuo feliz por o "ir lendo" e o "ir vendo": dá-me calma.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

João Aguardela, um "guardador de rebanhos"


Há pessoas assim: encantadas pela surpresa das estações, pelo sorriso das almas, pela promessa de eternidade que a Vida desenha em cada segundo à nossa volta. Atentos, dizem de si e da sua forma agradecida de estar no mundo, criando... a partir de.

João Aguardela sonha o "Aboio" de Michel Giacometti, o "aboio" do "guardador de rebanhos" (que ele também é, à maneira de Caeiro).

Entristece-me que ele tenha partido e eu não conheça a sua obra, como merece. Ainda assim - e até ver - aqui fica o seu "Aboio".