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quarta-feira, 29 de outubro de 2008

O "Olhómetro"



A educação aprende-se em casa (a escola e o país aprofundam essa aprendizagem). Aprender, sempre.

Quando era miúda, ensinaram-me que se não lê o correio de ninguém, que se tem direito a um "diário com chave" e até a uma "caixinha com chave" para arrumar o que era da minha inteira privacidade. Cresci assim e continuo firmemente fiel a estes princípios básicos. É educação e é civismo, o que vem a dar no mesmo. Isto de ler os e-mails dos outros ou de controlar o telemóvel dos outros, etc., etc., só o entendo nos casos que a lei enuncia (veja-se, a propósito, o artigo do juiz Rui Rangel em http://www.correiomanha.pt/noticia.aspx?contentid=87EC397A-42D6-4C0D-85B0-D2CFA724468A&channelid=00000093-0000-0000-0000-000000000093 )

Veio tudo isto a propósito da ordem de "rastreio" dada pela Inspecção-Geral das Finanças aos e-mails dos seus funcionários... Acho um abuso que os mesmos não tenham sido avisados (a não ser que estejam impedidos de usar o computador do trabalho para enviar e-mails pessoais...) e, além do mais, não acredito que "quem as faz" as "faça" assim. Os "espertos" sempre o são à revelia da "inteligência" e das duas, uma: ou a sociedade pune a "esperteza" até ao limite da dissuasão, ou a premeia, fazendo "vista grossa" aos sinais exteriores de "esperteza". Se decide, à revelia da lei, "vasculhar" da privacidade de cada um, dá um péssimo exemplo de "deseducação" e gravosa "falta de civismo" que, me parece, também entra nas malhas de lei. Se o exemplo não vem "de cima", há-de vir de onde? Que se me perdoe, mas não pude deixar de pensar numa série de "hackerzinhos" informáticos a ocupar lugares cimeiros de decisão, que - já alheados do mais elementar direito à privacidade de cada cidadão - decidem utilizar o seu saber informático para fazer o papel que, antigamente, julgava atribuído à Polícia Judiciária!... Como cidadã, preferia que fosse esta ou outra força semelhante a fazer esse trabalho, em silêncio e recatadamente, e ficar-lhe-ia eternamente agradecida, porque estava a contribuir para a minha saúde e educação cívica. Muito se fala de George Orwell, mas parece que bem pouco se ligou ao seu legado "literário" (não dizem que os "artistas" estão sempre à frente, no tempo? Eu acredito)... Isto de haver um "big brother", que a "low cost" nos trata da saúde com o seu cortejo de "hackers", é...(rai's parta o inglês, mais o que isso já parece significar em termos de identidade nacional)...


Vá lá, pronto!... Fico sempre "chateada" quando falo destas coisas, mas deve ter sido da ventania e das "marés de emoções" em que, hoje em dia, se não damos conta, acabamos todos por mergulhar... E os sentimentos, caraças, e dos sentimentos?!... Estão, esses sim, em silêncio? São lugares-comuns de linguagem panfletária?... Irra, para o que havia de dar o "olhómetro"!... E eu que tanto me ri com esta expressão quando a ouvi pela primeira vez (ainda era o "olhómetro" do artista, que brincava até mais não suster a gargalhada!...)

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