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sexta-feira, 18 de julho de 2008

Aniversário (90 anos) de Nelson Mandela


Mandela e Xanana Gusmão (e Fernando Mamede, quando perdeu a medalha de ouro nos 10.000 metros) são alegrias minhas, de alma. Em qualquer dos casos, eu era muito jovem e fui sempre remetida ao silêncio pela pose faraónica e verborreia despeitada dos que não lhes perdoavam as apregoadas "fraquezas": um era "preto", nunca saberia conduzir um país como a rica África do Sul; o segundo traíra Timor, vendendo-se à Indonésia e " o do parênteses" era a vergonha nacional, por não ter aguentado o "stress do ouro" que lhe puseram às costas... Uns "fracos", portanto, como se lhes estivesse nos genes a "fraqueza" anquilosante dos que não jogam o jogo do "poder" com as armas (re)conhecidas! Esses mesmos, hoje, "perdoam-lhes" o ultraje que fizeram aos seus orgulhos desfeitos, silenciam o seu não assumido desdém e... condenam, ao segundo, o "avançado que não goleou", aquele em quem investiram a sua sede de "glória de mandar, oh vã cobiça..." (o Camões é um ganda chato e akilo não é pa ler...)...
Não estou muito feliz hoje , porque nunca me faz feliz recordar e viver estas "paralateralidades" do nosso quotidiano, mas lembrei-me do António Gedeão e achei que ele é que me tinha dito tudo: não está nos genes esta diferença (de superioridade racial ou de comportamento, seja ele qual for) mas sim ... (e agora que cada um complete - ou não - a frase...). Eu, por mim, não completo. Ainda assim, prefiro acreditar na "teoria do bom selvagem" do Rousseau...


Lágrima de preta

Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

António Gedeão

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