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quinta-feira, 11 de setembro de 2008

O Grito



Há cerca de 20 anos, li um livro de um "etnopsiquiatra", radicado francês mas de origem argelina (cujo nome esqueci), que me marcou indelevelmente.

A curiosidade primeira foi sobre essa disciplina ("etnopsiquiatria") que, percebi depois, estudava a recorrência de certas doenças psíquicas em determinadas sociedades. Com efeito, no Ocidente, a depressão e outras doenças a ela associadas eram recorrentes e pareciam provir da própria tessitura social e dá um exemplo: um conjunto de estudantes magrebinos, deslocados para Paris para estudar na Universidade, fica na maior parte doente com depressões enquanto aí permanece e, ao regressar à sociedade de origem, perde todos os sintomas.

O curioso é que essas manifestações psíquicas eram totalmente desconhecidas nessa sociedade, onde o grupo / tribo era coeso e com regras culturais bem definidas, tempos de trabalho e lazer insertos num calendário fixo e onde cada um era corresponsável pela vida de cada membro do grupo social.

A ver se encontro mais informação sobre o assunto. De facto, parecemos importar doenças, da mesma forma que importamos víveres, hábitos, estilos de vida, valorações sociais... A "solidão em comum" é um "sapo difícil de engolir" e a obediência cega às convenções sociais paga-se da mesma forma que a desobediência aos códigos. E depois... há o Amor, o Perdão, a Partilha ou o ódio, a vingança e a inveja... E as "injustiças sociais" (alicerçadas nestes sentimentos destrutivos) são, com efeito, um enorme foco de doenças "de alma" (psíquicas ou fisicamente somatizadas)...


Muito interessante o artigo de João Rodrigues, que copiei para http://mluisaan.hi5.com/

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